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terça-feira, 17 de maio de 2011

Associação de PMs e bombeiros diz que vai à Justiça contra uso de carros oficiais em Parada Gay


Fabíola Gerbase, Maria Elisa Alves e Duilo Victor

ançamento da Campanha Rio sem Homofobia (Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo)
RIO - A orientação sexual de cada um, obviamente uma questão privada, acabou na segunda-feira virando caso de polêmica pública. O presidente da Associação dos Ativos, Inativos e Pensionistas das Polícias e Bombeiros, Miguel Cordeiro, disse que vai entrar na Justiça, contestando a decisão do governador Sérgio Cabral, que, na segunda-feira, autorizou bombeiros e policiais militares homossexuais a irem fardados, e usando viaturas de suas corporações, à próxima Parada Gay, em outubro. Segundo Cordeiro, não se trata de preconceito; apenas, segundo ele, uma "questão de segurança":
Acho estranho o governador liberar o carro, gastando gasolina do estado, para eles participarem de algo de caráter particular. Além disso, se você usar a viatura para ir a um evento, deixará desguarnecidas áreas que precisam de segurança
— Nada contra os policiais e bombeiros homossexuais. Mas acho estranho o governador liberar o carro, gastando gasolina do estado, para eles participarem de algo de caráter particular. Além disso, se você usar a viatura para ir a um evento, deixará desguarnecidas áreas que precisam de segurança — diz Cordeiro, levantando ainda outro problema. — Se o policial for fardado, isso significa que irá armado. Quem usa fuzil, por exemplo, vai deixar na viatura ou levar para a passeata?
Bombeiros que estão fazendo manifestações por melhores salários também criticaram Cabral.
— Estão querendo ridicularizar o nosso movimento. O governador quer dar mais atenção ao movimento dos homossexuais do que para os funcionários públicos — disse o cabo Antônio de Souza Isamel, que estava na segunda-feira na manifestação da categoria na escadaria da Alerj.
O anúncio de que bombeiros e PMs poderiam ir de viatura à Parada Gay foi feito na segunda-feira pelo governador durante o lançamento da campanha Rio Sem Homofobia, que prevê um conjunto de 125 metas para enfrentar o problema até 2014. Durante o evento, foi também anunciada uma campanha publicitária focada no combate à discriminação e à violência contra a comunidade LGBT (lésbicas, gays bissexuais, travestis e transexuais).
Da minha parte está todo mundo liberado para a passeata em Copacabana. Não tem problema. Vamos botar carro do Corpo de Bombeiro, carro da polícia, vai a Martha Rocha... Em Nova York é assim
— Na área da segurança pública, você vê (nas passeatas fora do Brasil) os policiais civis gays, as policiais e os policiais militares gays, os membros do Corpo de Bombeiros gays, os carros da polícia e os gays, todos andando juntos na passeata. Da minha parte está todo mundo liberado para a passeata em Copacabana. Não tem problema. Vamos botar carro do Corpo de Bombeiro, carro da polícia, vai a Martha Rocha... Em Nova York é assim. As pessoas ficam chocadas como se fosse uma coisa. Os americanos fazem, os franceses, porque o amor não deve ser razão de nenhum tipo de discriminação. O amor é a felicidade — afirmou Cabral.
Cinco secretarias cumprirão metas
Para concretizar as metas estabelecidas até 2014, o documento assinado na segunda-feira pelo governador lista ações para cinco secretarias e para a Defensoria Pública. Entre elas estão a criação de 14 centros de referência e promoção da cidadania LGBT; a capacitação dos profissionais de saúde para lidar com as especificidades de travestis e transexuais; a garantia a travestis e transexuais de uso de vestimentas e corte de cabelo femininos no sistema penitenciário; e também a garantia de acesso a tratamento hormonoterapêutico para esse grupo nas prisões.
Lançamento da Campanha Rio sem Homofobia (Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo)
O secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Rodrigo Neves, aproveitou o evento para anunciar uma medida que será concretizada no dia 28 de junho, quando o estado regulamentará o uso do nome social por travestis e transexuais na administração pública — o chamado “nome de guerra”. No mês passado, o governador já havia regulamentado a visita íntima para casais homossexuais em presídios fluminenses. Antes das visitas, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais deverão entrar em contato com o Disque Cidadania LGBT (0800-0234567), para marcar uma entrevista no Centro de Referência LGBT. A partir deste encontro, será emitido um ofício para a direção do presídio, para que a visita possa ser realizada.
Na segunda-feira, durante a solenidade, Cláudio Nascimento, superintendente estadual de Direitos Individuais Coletivos e Difusos e coordenador da campanha, disse que, nos últimos dois anos, 87 delegacias do Rio registraram 970 ocorrências de homofobia:
— Dados do Grupo Gay da Bahia colocam o Rio em terceiro lugar num ranking de estados onde mais assassinaram a população LGBT. Foram 23 assassinatos em 2010 — disse. — Mas é importante lembrar que somos o único estado que tem como registrar os casos de violência contra homossexuais nos boletins de ocorrência.

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